Você decide - Como não existe certo ou errado numa degustação, sugerimos que repita a prova e tire suas conclusões
Vindas de um mercado efervescente da Europa, chegam ao Brasil as primeiras cervejas artesanais italianas, da Duan, nas versões Bianca, witbier, e Ambrata, belgian ale. Mas a expectativa pela "descoberta" esbarra na etiqueta: cada garrafa de 750 ml sai por R$ 85, preço alto no mercado local, embora longe dos R$ 200 da belga Deus.
Por vezes injusta, a comparação é inevitável: "Encanta quanto custa?". No caso da Duan, estão um pouco distantes do "sim". A Bianca é adocicada em excesso, "pesada", e mostra pouco dos aromas e sabores cítricos e condimentados de uma witbier. A Ambrata é mais promissora, mas fica abaixo de outras belgian ales. Porém, não são o único caso de descompasso entre preço e cerveja.
Como as duas cervejas são de influência belga, com os mesmos R$ 85 talvez fosse melhor arriscar a volta às "raízes" com a Chimay Grand Reserve, strong ale de notas licorosas e frutadas, cuja garrafa de 750 ml custa R$ 55; uma Tripel Karmeliet, com bons aromas cítricos, a cerca de R$ 20; e a witbier "básica" Hoegaarden, que custa em média R$ 6. E sobra troco.
Fabrizio Grasso, da Beers on the Table (tel. 3571-6430), que traz as Duans, as defende. "O preço não é dos melhores, mas temos recebido elogios. E tem cervejas brasileiras que também custam R$ 80. Há ainda taxas de importação e impostos locais", afirma. "E a produção da Duan é limitada: 800 caixas ao mês, 300 delas para o Brasil."
ESPUMA NAS ALTURAS
A terceira morte em menos de um século levou Thomas Hardy às alturas. Ao menos em termos financeiros: criada em 1928 pelos 40 anos da morte do escritor inglês, teve a produção interrompida em 1999, foi retomada em 2003, mas em 2009 houve o terceiro "passamento". No Brasil, a notícia fúnebre da fermentada fez o preço da garrafa de 330 ml saltar de R$ 28 a R$ 42, na importadora Casa da Cerveja (tel. 2538-5136). "Virou preciosidade, pode ser guardada por 25 anos e restam poucas", diz a sócia Cássia Crescenti.
A cerveja ajuda: tem aromas e sabores de frutas secas e licorosidade. Mas é possível trocá-la, sem remorsos, pela strong ale Fuller’s Vintage.
Outro dilema cervejeiro é Samuel Adams Utopias, de 25% de teor alcoólico, fermentada com leveduras de champanhe e maturada em barris de uísque, conhaque e brandy. A dose de 50 ml custa nada módicos R$ 75 no Melograno, em São Paulo. "É rara, esgota ao sair da fábrica e o preço (US$ 100 a garrafa de 750 ml) duplica de cara nos EUA", diz Eduardo Passarelli, do Melograno (tel. 3031-2921). Para atormentar o degustador, a cerveja é boa, com notas de frutas secas, madeira e licorosidade. A Eisenbahn Bierlikor, licor de 30,5% e notas de café e baunilha, a partir R$ 23, não é o mesmo estilo de cerveja, mas é "plano B".